O LIVRO VERMELHO DE MAO
Resolvi virar escritor aos 12 anos. Peguei um caderno de colégio, com gente jovem andando de jet ski na capa, e desembestei a criar. Como não conseguia encher página com a ambientação necessária, a preparação do terreno e toda aquela sugestão à imaginação do leitor, me pus a enumerar fatos e aventuras e reviravoltas.
Minha autocrítica, que até não era tão grande, me fez parar pouco após a 62º página. Fiquei com vergonha não por mim, mas pelos heróis da minha estante: Agatha Christie, Conan Doyle, Allan Poe... O meu mistério raso, cheio de buracos no enredo e os personagens com nomes estapafúrdios, tão verossímeis quanto os quadros da Praça é Nossa se esfacelaram e desapareceram.
Acontece que tem gente mais resistente. O rapazola Dan Brown, por exemplo. Coletou uma salada de mensagens subliminares, incrementou meu enredo de sexta série com pitadas de Macgyver e Looney Tunes, e perseguiu o óbvio com obstinação. Conseguiu o que queria: dinheiro.
Pra detetives wannabes de intelecto compacto como eu, chega a ser animador. Solucionar charadas com 5 capítulos de antecedência é lisongeiro. Mas cansa. Pra quem nunca desvendou o final de qualquer aventura de Agatha Christie e suas tramas de mesma fórmula chega a ser impressionante.
Pois bem. É de conspiração que o povo gosta. De se dizer católico e acreditar na primeira versão costurada de factóides sobre a Bíblia e a Igreja. De se achar esperto. Mas, digo isso até baixinho, pra mim livro composto pra virar filme, sem espaço algum pra imaginação, que menospreza o bom senso e impõe conclusões passa bem longe da literatura.
No ônibus, onde as universitárias neo-hippie encontram os office boys, cada qual com seu quadrado vermelho debaixo do braço, me sinto na China comunista.
Minha autocrítica, que até não era tão grande, me fez parar pouco após a 62º página. Fiquei com vergonha não por mim, mas pelos heróis da minha estante: Agatha Christie, Conan Doyle, Allan Poe... O meu mistério raso, cheio de buracos no enredo e os personagens com nomes estapafúrdios, tão verossímeis quanto os quadros da Praça é Nossa se esfacelaram e desapareceram.
Acontece que tem gente mais resistente. O rapazola Dan Brown, por exemplo. Coletou uma salada de mensagens subliminares, incrementou meu enredo de sexta série com pitadas de Macgyver e Looney Tunes, e perseguiu o óbvio com obstinação. Conseguiu o que queria: dinheiro.
Pra detetives wannabes de intelecto compacto como eu, chega a ser animador. Solucionar charadas com 5 capítulos de antecedência é lisongeiro. Mas cansa. Pra quem nunca desvendou o final de qualquer aventura de Agatha Christie e suas tramas de mesma fórmula chega a ser impressionante.
Pois bem. É de conspiração que o povo gosta. De se dizer católico e acreditar na primeira versão costurada de factóides sobre a Bíblia e a Igreja. De se achar esperto. Mas, digo isso até baixinho, pra mim livro composto pra virar filme, sem espaço algum pra imaginação, que menospreza o bom senso e impõe conclusões passa bem longe da literatura.
No ônibus, onde as universitárias neo-hippie encontram os office boys, cada qual com seu quadrado vermelho debaixo do braço, me sinto na China comunista.
1 Comments:
O Código é um livro legal, vai. Que entretém e diverte. E pra mim, que não soluciono charadas com antecedência, foi um livro que eu não li, eu devorei. (só não me conformo com o Tom Hanks fazendo o personagem principal no filme!)
By Anonymous, at 7:23 AM
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