FUTEBOL E PSIQUIATRIA:

Entrevista de Valentim Gentil Filho, tido por muitos como o maior Psiquiatra do Brasil à VEJA:

VEJA: "Experimentar dificuldades emocionais não é fundamental para o crescimento pessoal de cada um, para o processo de autoconhecimento?

Gentil: " Quem pode atestar que o sofrimento faz bem? Por que não aliviar o desconforto de um paciente se temos meios para isso? Tristeza não é depressão, mas pode ser um dos sintomas dela. Um luto, por exemplo, pode desencadear uma depressão. Ese é um julgamento de valor inerente a cada situação específica, a cada diagnóstico médico.

VEJA: Se todo mundo fosse mais normal do que o normal, o mundo não seria sem graça? Não é preciso um pouco de loucura para que a vida seja menos cinzenta e também haja progresso?

Gentil: O mundo deve muito à doença mental. Graças também a suas perturbações emocionais, que os faziam pensar de forma original e divergente, grandes personagens conseguiram mudar a história. Segundo alguns biógrafos de Winston Churchill, por exemplo, ele não teria levado a Inglaterra à vitória contra a Alemanha sem o tipo de ousadia que acompanha as vítimas do transtorno bipolar. Na pintura o atormentado Van Gogh produziu maravilhas Isso não quer dizer que devemos estimular a perturbação mental. Pelo contrário. Lamento que Vangogh não tenha tido a oportunidade de se submeter a um tratamento psiquiátrico. Nessa hipótese, talvez sua obra não houvesse sido interrompida antes do tempo.

Um chapéu de carretilha e um chute a gol.

E é antidepressivo neles!