LEITURA DE HORA CERTA:
(I)
"Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se não os soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes."
(XXIV)
"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender..."
(XXLII)
" Passou a diligência pela estrada e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a ação humana pelo mundo fora.
Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
E o sol é sempre pontual todos os dias."
(XXLIII)
" Antes do vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa , ave, passa, e ensina-me a passar!"
O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro.
"Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se não os soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes."
(XXIV)
"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa
Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender..."
(XXLII)
" Passou a diligência pela estrada e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a ação humana pelo mundo fora.
Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
E o sol é sempre pontual todos os dias."
(XXLIII)
" Antes do vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa , ave, passa, e ensina-me a passar!"
O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro.
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